cães com medo de rojões
Matéria publicana no Portal AT Revista – A Tribuna
Adestrador e Especialista em Comportamento Canino
O barulho dos fogos de artifício desta época é um pesadelo para muitos cães e tutores.
Há truques para amenizar o problema!
A solução, porém, está na educação desde cedo.
“Nenhum cão nasce com medo”. A afirmativa é do especialista em comportamento canino Ricardo Tamborini para iniciar a conversa sobre como agir com o pet diante do barulho dos fogos de artifício característico desta época de festas natalinas e Réveillon. Para muitos animais e tutores, este é o período do pesadelo, já que cães se assustam facilmente, muitos se desesperam, fogem de casa e se machucam ao bater em móveis e objetos. Mas, segundo Tamborini, o medo, quase sempre, é resultado do comportamento errado dos donos.
Veja o que ele fala sobre o assunto.
Proteger o animal no colo quando há barulho de rojões é errado. O certo é ensiná-lo, desde filhote, a encarar o ruído como algo natural e inofensivo. Os desvios comportamentais do pet afloram de acordo com os estímulos que ele recebe. O mesmo acontece com a fobia envolvendo fogos de artifício. É natural que o cão sinta medo do barulho de rojões, e o primeiro impulso dos donos é pegá-lo no colo para protegê-lo. O animal entende isso como uma recompensa por sentir medo e terá o mesmo comportamento sempre que ouvir os ruídos.
Desde filhote, o cachorro deve entender que o barulho dos fogos não representa perigo e que é algo passageiro. Caso o dono não condicione o pet da maneira correta, ele pode desenvolver a fobia, e o medo pode resultar em outros problemas, como estresse, insegurança, agressividade e depressão.
E com relação aos animais adultos, que já apresentam esse comportamento?
Corrigir um animal adulto, que já desenvolveu um trauma, é muito mais difícil e, em alguns casos, o problema é irreversível. Por isso, o indicado é iniciar o processo de adaptação no primeiro ano de vida do pet.
A única maneira de evitar que o pet desenvolva fobia de fogos de artifício é condicioná-lo, desde filhote, a encarar o ruído como algo inofensivo. O segredo é não dar colo e carinho para o pet, não recompensá-lo durante a queima. Por mais que chore, quando o barulho cessar, ele irá perceber que nada de mau aconteceu. Da vez seguinte, irá encarar o acontecimento com mais naturalidade.
Um deles é fazer a associação do barulho a algo bom, como petiscos, brinquedos e brincadeiras. O dono deve fazer isso apenas quando notar que o cão está bem e, principalmente, sem demonstrar receio algum da situação que o incomoda.
Dependendo do grau desse medo, o dono deverá recorrer ao auxílio de um especialista em comportamento canino. Há cães que se machucam gravemente, querem ultrapassar portões ou paredes. Em casos extremos assim, o trauma já está muito enraizado no pet. Daí a importância de contar com a ajuda de alguém que faça um diagnóstico correto e oriente os donos de como revertê-lo.
O processo de adaptação e dessensibilização deve ser gradativo, agradável e, principalmente, sem pressão. É errado forçar um animal que já apresenta esse medo a ver fogos ou situações que são desagradáveis a ele. O ideal é trabalhar isso no decorrer do ano. Isso leva tempo e varia de acordo com o nível da fobia de cada um.
Deixar um animal que tem medo de fogos sozinho em casa não é uma boa opção. Devido ao medo, ele pode se machucar seriamente, por querer fugir da situação que o está incomodando. Se precisar sair nas festas, o ideal é recorrer a um hotel de cães que tenha uma equipe preparada para dar suporte aos animais na noite da virada de ano.
Se você estiver em um lugar estranho, na casa de amigos ou viajando, proporcione um ambiente seguro e tranquilo para o pet. Deixe-o, de preferência, em um local silencioso, longe de pessoas e de outros animais. Em situações de medo, o cão procura abrigo em algum local escuro e tranquilo. Isso acontece porque, diferentemente dos humanos, os cães sentem-se seguros em locais com essas características.
Uma boa alternativa é abrigá-lo em uma caixa de transporte de tamanho adequado, cobrindo essa caixa com algum tecido escuro, ou colocá-lo em um quarto com a luz apagada.
Essa técnica, que tem sido muito difundida, consiste em enrolar uma faixa ou tecido no animal em pontos estratégicos para que a circulação sanguínea das regiões extremas do corpo seja estimulada. Isso ameniza as tensões localizadas no dorso do animal e diminui a irritabilidade. O grande problema é que essa técnica tem sido difundida como a solução. Na realidade, ela só funciona em alguns casos. No geral, cães já em nível de pânico não terão qualquer tipo de reação. O que pode ocorrer, se não houver supervisão, é o cão rasgar as faixas a fim de retirá-las, ou até mesmo ficar mais irritado.
Deixar uma luz acesa, a TV ligada ou colocar algodão no ouvido do pet quando ele estiver sozinho são procedimentos que não ajudam nada. Como eu disse anteriormente, os cães sentem-se mais seguros em locais pouco iluminados e silenciosos. Já o algodão é um objeto estranho que causa ainda mais desconforto ao animal.
Usar floral ou medicamentos para tranquilizar ou sedar animais com medo é outro truque que não funciona. Isso é um paliativo. Pode até aparentar uma pequena melhora, mas quando falamos em medo, abordamos especificamente a questão psicológica, então todos esses métodos e truques podem ajudá-lo, mas não são capazes de resolver o problema.
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